Sunday, August 03, 2008

Metade


Que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio
E que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca

Porque metade de mim é o que eu grito,
mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
seja linda ainda que triste
E que a pessoa que amo seja pra sempre amada
mesmo que distante

Porque metade de mim é partida,
mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que falo não sejam ouvidas como prece
nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos

Porque metade de mim é o que ouço,
mas a outra metade é o que calo.

Que a minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz que mereço
E que a tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada

Porque metade de mim é o que penso,
mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesma se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita no meu rosto um doce sorriso
que me lembro de ter em criança

Porque metade de mim é a lembrança do que fui,
e a outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
para me aquietar o espírito
E que o teu silêncio
me fale cada vez mais

Porque metade de mim é abrigo,
mas a outra metade é cansaço.

Que a arte me aponte uma resposta
mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar,
porque é preciso simplicidade para a fazer florescer

Porque metade de mim é platéia
mas a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada
porque metade de mim é amor
e a outra metade...
também



só não fui eu a escrever isto... porque ele nasceu primeiro.
Oswaldo Montenegro
tiro-lhe o chapéu!

Saturday, August 02, 2008

fora


a regra é aproveitar e não desperdiçar
a arte é mostrar a língua sem perder a classe
boas férias para todos ;P