Wednesday, November 19, 2008

Ego stuff


Toda a vida me importei com o que os outros pensam de mim, mas continuei a viver como se não.
Sempre achei que quem merecesse entrar, conseguiria ver para além do embrulho e da máscara.
E sempre senti que não tinha poder para mudar a versão errada que os outros poderiam fazer.

Ninguém gosta de ser mal falado.
Ninguém gosta de ser injustamente julgado.
Todos querem ser valorizados, reconhecidos talvez até.. admirados ou amados...
É assim a vida. E mesmo aqueles:"que não são de conversas", acabam por falar dos outros com a leveza de quem não tem o cuidado de olhar bem para a fotografia.

Mas doi na mesma. Doi sempre.
Ás vezes apetecia-me ir um a um, olhar-lhes nos olhos e mostrar-me por dentro.
Para que me vissem!
Outras, dá-me vontade de escrever um livro.
Nunca fiz. Nenhuma das duas.

Por outro lado tenho evitado escrever aqui...
Tenho evitado expor-me, mas o certo é que já não sei escrever só para mim.
O velho caderno parece que deixou de me saber ouvir.
E o que não escrevo perco, perdendo também bocados de mim.
Sempre tive a escrita como uma forma de pensar para comigo e ouvir-me em voz alta como se fosse um outro.
Como se só tivesse consciência das coisas depois de as ler.
E depois a constante surpresa do: "fui eu que escrevi isto?" ou "ahh, é isto que sinto..."

Uma vez escrito fica resolvido e a próxima página em branco aguarda o momento em que me vou lá ver outra vez ao espelho.
O não escrever pendura-me num sítio indeterminado sem saber bem o que penso ou sinto, deixa-me enrolada com as palavras, entope-me o cérebro.

Esta dicotomia entre assumir o que sou ou guardar tem de ser resolvida.
Só não sei ainda como...

Quanto aos outros,
também não sei...

4 Comments:

Blogger Alien David Sousa said...

Oi Poca, antes de mais tu estás e sempre estarás apaixonada pela escrita. Não consegues viver sem esta e isso é belo.

Quanto aos outros e à forma como te julgam, como te sentem. Não creio que possas fazer algo que vá alterar coisa alguma. Temos mesmo de encarar isto com simplicidade; não podemos agradar a todos. E existiram sempre pessoas que nos adoram e outras que não gostam de nós nem pintados de ouro. Eu preocupava-me mais com as que gostam de ti porque muitas vezes as outras têm uma imagem errada de ti e por isso mesmo não gostam de ti simplesmente porque não te conhecem, podem apenas superficialmente.

Sabes, eu cheguei a esta conclusão há uns tempos. Por vezes existem pessoas que não gostam de nós por coisas tão estupidas que dá vontade de rir. Estou-me a lembrar de uma pessoa que trabalha num café que frequento, essa pessoa faz de tudo para demonstrar que não gosta de mim e eu cheguei à conclusão que ela é uma infeliz. Não gosta de mim porque eu dou-me muito bem com os rapazes e raparigas que frequentam o café. Estou sempre a brincar e não há ninguém que não entre no café e que não me cumprimente ou brinque comigo. Agora pergunto: vou perder tempo com esta pessoa? Vou tentar mostrar-lhe que também estou acessível para ela? NÃO! Não há nada que eu possa fazer. EMBIRRA comigo e pronto.
Outras pessoas podem não gostar quando tenho uma postura mais séria no trabalho, vou mudar? NÃO!É a minha forma de encarar aquele local. Se me quiserem conhecer melhor, tudo bem. Se o caso não se der, não perco tempo.

Não temos de mudar nada em nós, é assim que penso. Devemos ser o mais fiéis à nossa pessoa. Só assim vamos atrair as pessoas que interessam realmente.
Se me preocupo por não gostarem de mim? Não! Provavelmente eu também não gosto delas.

Beijinhos
p.s desculpa o testamento

6:20 PM  
Anonymous Anonymous said...

A beleza sobressai mais em algumas pessoas do que outras, basta descobrir a sua essência para ter algum significado. Desmonta o puzzle e sê feliz.

3:00 PM  
Blogger as velas ardem ate ao fim said...

Somos todos tão complexos.cheios de coisas boas, menos boas, duvidas e algumas certezas.

a mudança é também algo que procuro--mas não sei como...


um bjinho

(tenho uma coisa para ti no Velas)

5:08 PM  
Blogger Maariah said...

Ao ler o comentário do Alien lembrei-me de um periodo da minha vida que acho que podes imaginar qual é. Nessa altura ao sentir algo muito parecido com o que descreves aqui perguntei-me: mas alguma dessas pessoas que falam de mim conhecem-me realmente? Algumas dessas pessoas se preocupa comigo? Se eu precisar de ajuda é com elas que conto? A todas as perguntas a resposta foi : Não! Pois é. Para que me importar com quem não tem significado na minha vida? Os meus amigos, os que me conhecem realmente não me julgam. E se por acaso houve algum que por momentos o tivesse feito (ou eu achasse que o podia fazer) tratei de falar com ele. Na realidade houve uma pessoa a quem eu "olhei nos olhos e mostrei-me por dentro". Mas foi apenas um caso. Eu achei que me devia "justificar".

Outra coisa Poca, nalguns casos mas vale não sabermos o que se fala de nós. Recordo-me de ter dito: "não quero saber o que dizem de mim". Esta decisão fez maravilhas.

10:44 PM  

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