Thursday, July 14, 2016

O Adeus à chucha!


A Pi já tem 3 anos e ainda usa(va) chucha.
Nunca me preocupei muito com isso, porque eu própria chuchei no dedo até aos 27 anos. Leram bem, 27.
Lembro-me vagamente da médica de família ter dito que ela tinha de largar a chucha antes dos 2 anos, mas quando chegou a altura perguntei à Educadora dela, pessoa com vasta experiência em quem confio e ela me ter dito que 2 anos era cedo.
Que iria retirar as chuchas só na sala dos 3 anos.
Eu descansei...
O tempo passou e a sala dos três anos vinha já em Setembro, mas antes disso marquei uma consulta no Otorrino porque acho que a Pi fala muito alto e pensei que pudesse ser algum problema de audição, aliado a isso este inverno teve muita tosse e o ranho acompanha-a o ano inteiro.
Chego ao gabinete do especialista, ignora-me nos primeiros 2 minutos e concentra na Pi toda a sua atenção, troca meia dúzia de frases e diz-lhe: "Como é que uma menina tão grande ainda usa chucha?"
Fiquei perplexa pela rapidez da sua inferência e ainda sem ter tido tempo de lhe confirmar nada começa-me a mostrar os malefícios do uso prolongado da chucha.
Diz-me: "Se deixar a chucha hoje, ainda assim não se livra de usar aparelhos e de ter terapia da fala porque ela já tem a língua afetada e por isso fala tão mal..."
Fiquei muda.
A Pi é grande para a idade, muito despachada e já diz tudo!
Nunca percebi que falasse mal.
Achava que era normal para a idade.
Achava que era mimo.
Saí do gabinete sabendo que ela e eu tínhamos uma batalha pela frente porque a chucha e o KikoNiko são os seus parceiros para todo o lado.
Não que ela andasse de chucha de dia, mas no carro era um (mau) hábito, em casa (muitas vezes) em frente à televisão também e para dormir então era essencial.
Conversei com ela e expliquei que tínhamos que fazer o que o Doutor mandou e que ela tinha que ser muito forte porque era uma coisa que tinha mesmo que ser.
À noite a coisa esteve feia, houve choro, houve desespero, houve gritos, houve revolta e houve cansaço e houve a oração.
"menino Jesus, vem-me guardar, sou pequenina, não sei rezar
  menino Jesus, vem-me ajudar, já não tenho chucha e custa-me estar,
  ajuda-me a ser uma menina forte, ajuda-me a conseguir dormir,
  tira a tristeza de dentro de mim"
Doeu-me o coração ver a minha filha passar por aquilo.
E saber que tinha sido eu a incutir-lhe aquele vício, a incentivá-la a "precisar" da chucha.
Sem saber claro.
Damos a chucha porque ajuda nas cólicas, porque ajuda a acalmar, porque é melhor a chucha do que o dedo!
Damos a chucha porque é suposto os bébés terem chucha!
A tentação de lhe devolver a chucha foi muita mas foi superada.
Eu venci o vício do tabaco e sei que para deixar um vício não há volta atrás.
Temos que ser fortes e seguir em frente senão volta-se ao início outra vez.
 No meio da tormenta pediu leitinho. Percebi que queria chuchar no biberão. Fiz-lhe a vontade e depois do leite quentinho e sempre com muito mimo e muitas palavras de compreensão e de apoio lá conseguiu dormir.
" A mamã sabe que custa filha..."
Ainda acordou uma vez durante a noite, voltou a pedir leitinho, bebeu outro biberão e voltou a dormir.
No outro dia foi para a escola feliz contar aos amigos que já era grande e que já não usava chucha. Nesse dia não conseguiu dormir a folga.
Esteve excitadíssima e muito acelarada.
A segunda noite apesar de tudo já não custou tanto.
Hoje foi a terceira noite. Não me disse nada mas eu sei que ainda lhe custa.
A mim ainda me custa.
A minha menina está a ficar grande e eu com o coração apertadinho!

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