no devaneio de um sonho

são quatro da manhã e ainda não durmo
devia, mas deixo-me divagar por imagens que me levam a sítios onde nunca estive
vejo pessoas que querem à força ser diferentes
pintam o corpo e assumem a eternidade com altivez à flor da pele
gritam ao ódio levantando a moral aos putos que de outra forma seriam renegados
seguem o rito, escondem-se no preto e usam a violência como forma de se afirmarem
leio palavras fluorescentes que formam frases e reconheço-me em algumas delas

"I ain't like you,
WORLD It's a dead end street near you.
I just can't hate enough
and you will never walk the path I do."

na curiosidade de os perceber
distancio-me pela sensatez
faço parte da norma apesar de saber que me distingo entre os demais.
Termino a viagem,
e nem saí do lugar,
só mais um sonho sem explicação.
viro-me para o lado e abraço a almofada
o xavier reclama o braço que lhe envolvia o sono,
durmo.