A estranha em mim
Com um argumento e um texto excelentes.. eu diria que na voz radiofónica da jodie.. ouvi coisas que eu também já disse.. mas ela disse-o de uma forma muito mais credível.. mais sentida..
a minha imposição de ser forte e de não me deixar derrubar por aquilo que não posso mudar, leva-me sempre a aligeirar o tom..
como que fingindo que não doi. pelo menos não tanto como, de facto.
(Menos aqui claro. inacreditavelmente.)
Como é que se perde um amor?
Perder sem acabar nada, torna tudo muito mais difícil
O motivo da perda e o contexto da mesma, despoletam diferentes tipos de dor,
o vazio, esse, hoje percebi que é o mesmo.
Quando uma relação acaba mas tem um fim..
(também já lá estive)
há o acreditar que adiante vem gente
e que se merece melhor
Quando o fim vem sem avisar..
Não há como aceitar
ficamos nós
perante um mundo que não pára
e uma sociedade que indiferente nos diz: keep going
Como é que se perde um amor?
Como é que se esquece o amor que se sonhou a vida toda?
Como é que se volta a ser aquilo que se era?
Como é que se recupera a fé que se perdeu?
Como é que se volta a acreditar?
Quantos amores tem uma vida?
Quanto de nós se perde na perda?
Quanto se ganha?
No caso da Erica(jodie foster)... a estranha nela era uma mulher frágil e assustada, que passou a linha moral por onde se rege a justiça, para combater a injustiça que a justiça não combatia.. e para se proteger a ela quando a justiça não a protegia.
No caso da Erica.. o filme trouxe-lhe outro amor de volta. Assim... logo. Mas mesmo sendo filme, não mostraram ela recuperada.. nem chegamos a saber se ela de facto ficou com ele..
a mim agrada-me pensar que sim. as duas coisas.
A estranha em mim...
não sei.
já passaram dois anos e ainda me consigo lembrar.
Não das tuas mãos, claro. isso também já não.
Mas lembro-me que antes acreditava.
Hoje vejo as pessoas à minha volta e não as enfeito.
Vejo-as tal qual elas se apresentam.
Mais ponderada, claro. Mais cautelosa, sem dúvida. Mais exigente, também.
Mas olho.
E não vejo nada que me interesse. não a mim.
Os homens de hoje (e refiro-me aos que conheço claro), ou são comprometidos e não me interessam, ou não são interessantes o suficiente para me interessar.
Os que sim.. têm medo demais. medos demais. o que lhes retira imediatamente o interesse que eventualmente poderiam ter.
Não me sai da cabeça uma frase que o meu encenador actual me disse aí há tempos.
Um homem muito sério, com um humor inglês muito peculiar(sendo que ele é de facto inglês). Um homem que já viveu muito e que parece-me bastante perspicaz. De poucas falas e muito exigente. Onde primeiro as pessoas têm que merecer para que ele lhes dê nem que seja um "obrigado", ou um "bem feito senhora", digno dos seus setenta anos de experiência.
Perguntou-me: namora?
respondi que não e continuei a olhá-lo nos olhos tentanto não mostrar fraqueza e tentando perceber o porquê da pergunta.
É, (disse ele)... os homens sentem-se intimidados com mulheres bonitas inteligentes... (voltou costas e não voltou a perguntar mais nada pessoal desde então)
nem todos espero eu.
mas até agora, os que se interessam, ou os motivos por que se interessam, não me interessam.
não a mim.
Quanto ao filme, a quem não viu recomendo. e peço desculpa por tudo aquilo que deslindei.